26 abril, 2011

Blá Blá Blá da Ternura



"Todo o bem que pudermos fazer, toda a ternura que pudermos dar,
que o façamos agora, neste momento, porque não passaremos duas vezes pelo mesmo caminho."
Ternura é chegar á noite há janela do meu quarto espreitar para o outro lado dos vidros e ver a claridade  mesmo no meio da escuridão, olhar para o céu pouco estrelado e ver as estrelas mais brilhantes, olhar para a lua e sentir-me ligada a alguém que esteja muito mais longe do que se possa imaginar. Ternura é olhar naqueles olhos e ver o meu reflexo com letras imaginárias, a desfilar que fazem a legenda das palavras que jamais vão ser pronunciadas. Ternura é acordar todos dias com um sorriso no rosto por muitos pesadelos que tenham teimado em aparecer, para te fazer entristecer e temer o dia que aí vem. Ternura é encontrares-te no outro, mesmo sem estares perdido. Ternura é sentires os batimentos cardíacos de alguém mesmo sem chegar perto, é as pernas a tremer e a respiração a faltar. Ternura é a lágrima que caí sem avisar, no meio da maior declaração, da maior sinceridade, da maior alegria e da maior tristeza. Ternura é o sorriso indiscreto que soltas por entre a timidez e a gargalhada que deixar fugir perante o mundo na altura em que devias e não devias. É o cantarolar no chuveiro, no corredor de tua casa, entre as paredes do teu quarto ou numa rua cheia de gente. É dançar em cima de um palco ou de uma coluna. Ternura é seres tu e dares parte de ti ao que te rodeia. Ternura é aproveitar o momento seja ele qual for, é crescer a cada segundo, errar e aprender. É fazer dos pequenos momentos grandes momentos da história da tua vida. É fazeres rir o amigo que quer chorar, é chorar quando tens que rir e rir quando queres chorar. Ternura é pegares no lápis e no papel e desenhares, não coisas bonitas mas rabiscos que só tu vais perceber porquê? Porque por muito que ninguém os perceba é o que está em ti e isso é o que importa. Não és tu que tens que fazer sentido para o mundo, mas o mundo que tem de fazer sentido para ti e por isso, pintas-o há tua maneira e não da maneira que todos querem que o pintes. Ternura é ser verdadeiro, é mostrares o que és e dizer o que sentes. É fazer agora e não deixar para amanhã, porque tal como as águas do rio jamais voltam atrás, nenhum momento da tua vida de repete, pelo menos não da mesma maneira. Ternura és tu, sou eu e o outro. Ternura era o que tu me davas, o que tive, perdi e já voltei a ter. Ternura é tudo o que quiseres dar e tudo o que recebes. Ternura é o toque que te faz tremer, a palavra que te faz rir, o respiração que te faz andar, o coração que te faz viver, o corpo que te suporta e o herói a quem dás vida. Ternura é o blá blá blá da peça sem palco, que se passeia sem cortinas e passadeiras vermelhas, sem ensaios que vais representando dia após dia, áqueles que por acaso resolveram agarrar algum papel no teu guião que nunca foi escrito, mas  todos os dias é vivido.

20 abril, 2011

You're still here


Sentou-se no chão encostada ao sofá, ao fechar os olhos numa tentativa de não se lembrar dos momentos passados, só consegue continuar a sentir a sua presença, por muito que ele já se encontre a ir na direcção oposta áquela onde ela se encontra neste preciso momento. Por muito que queira ser melhor pessoa a seu lado não consegue, o que os uniu tornou-se mais forte que todas as regras morais que possam existir. Por muito que tentem manter-se dentro dos padrões permitidos por tais regras, é impossível. Ela só consegue cada vez mais concordar com a frase que sempre ouvio dizer em seu redor : "O fruto proibido é o mais apetecido", faz todo o sentido para ela neste momento. Ele tem qualquer coisa que a faz agarrar-se a si e não querer largá-lo mais. Fica presa a ele sem querer, é como uma das forças da natureza, sempre mais forte que eles. Desde que ele virou costas e se foi, já algum tempo passou. Escassos minutos que pareceram horas. De olhos fechados e braços em volta dos joelhos, ela continua a senti-lo a seu lado como se ele ali continuasse a envolve-la em seus braços como nos instantes antes, se encontravam. Ainda o vê a seu lado. O facto de a sua barba a picar é algo que já não a incomoda. Consegue descrever cada traço do seu rosto e expressão do seu olhar, os seus lábios e o sabor do seu beijo. A temperatura do seu corpo é algo quente que a faz derreter perante ele e juntamente com todos os outros factores lhe tira por completo a capacidade de pensar e dar ouvidos à razão. Ela permanece presa nele e no momento em que ele ali se encontrava, continua lado a lado com a vontade de lhe beijar a testa, o nariz, a barriga e o seu pescoço onde é capaz de descrever o cheiro do perfume que ele usava. Ainda sente o beijo dele nela, o seu toque e até o coração dele bater mais forte, como sente sempre que ele a deixa ficar simplesmente abraçada a si encostada ao seu peito. Envolvida naqueles braços sente-se protegida do mundo, por muitas que sejam as coisas que os deviam impedir de ter momentos como os que ainda permanecem em si. Por mais que ela tente fugir, por mais que ela tente deixá-lo ir para nunca mais voltar, por mais que ela tente ter outro alguém, por mais que ela tente remar contra a maré de desejo que tem dele, não consegue. Faltam as forças e a vontade só não chega. As coisas há volta deles mudam e voltar a mudar uma vez mais, mas ela volta sempre para os seus braços. Braços esses que gritam em silêncio por seu nome. São imensas as coisas que se passam na sua cabeça, que correm em direcção ao canto mais fundo do seu ser, o seu coração. Ela mantém-se estática, para conseguir que tais coisas párem também de modo a não lá chegar, porque se chegarem, vai ser sempre mais um grande e profundo golpe de recuperação lenta e dolorosa. Todas as palavras ditas naqueles silêncios profundos trocados entre si começam a ecoar no seu ser, e ela só continua a espera de poder dar-lhe a mão mais uma vez, correr para o abraçar e dar-lhe mais um e sempre possível, último beijo.

15 abril, 2011

E depois, tudo muda...

«Vá em frente, seja feliz. Tente sempre realizar os sonhos seus e de quem encontrar, (...).
Só não se esqueça que o amor é de vidro, que alguns sorrisos que te dão, são de cera (…)»
Uma das coisas boas da vida, é que insiste em mudar por muito que não queiramos. E muda não como desejamos mas como lhe dá geito. A ti, cabe-te a simples função de te ajustares a essas mesmas mudanças, ultrapassares as barreiras e voares sem tirares os pés do chão e com a cabeça assente nos ombros. A ti, cabe-te a função de saberes acordar no dia asseguir e continuar o teu caminho incompletamente traçado mas destinado. A ti, cabe-te a função de continuares e decidires quem e o que queres a teu lado na tua caminhada com fim inserto. A ti, cabe-te a responsabilidade de agires de acordo com o melhor para ti, por muito que o faças em último lugar. Por muito que metas tudo à tua frente, lembrando-te dos outros e esquecendo-te de ti. A ti, cabe-te simplesmente a função de gerir os teus passos, os teus movimentos, as tuas escolhas as tuas opiniões objectivos e sonhos e correr atrás deles por muito que fiques cansado e os teus pulmões se queiram recusar a trabalhar naquilo que lhes compete. Em ti, fica a oportunidade que agarraste, o momento que aproveitaste, a lágrima que deixaste cair, o sorriso que deixaste escapar, o beijo que quiseste roubar, a decisão que tiveste de tomar, a consequência do erro que cometeste, a lição daquilo que aprendeste. As palavras que disseste e as que ficaram por dizer. Os olhares que trocaste e os que ficaram por trocar. A desilusão que apanhaste e as desilusões que deste a outrém. A fotografia que tiraste, o rasto do perfume que usaste. O sonho que tiveste. O que gritaste aos sete ventos e o que calaste, omitindo de todo o mundo. O bem e o mal que te fizeram e fizeste. As vezes que acreditaste e as que duvidaste. As vezes que enganaste e as que foste enganado. As que amaste e que foste amado, e aquelas em que te entregaste de corpo e alma em algo que pensaste ser puro e verdadeiro mas, que por precausos do destino, não passaram de coisas da tua cabeça. Em ti, fica tudo o que vives e tudo o que sentes. Nos noutros, aquilo que lhes dás a viver e o que lhes dizes sentir. Por isso, quando o fizeres, tenta que seja da maneira mais verdadeira possível. Porque a clareza do teu sentimento nunca vai chegar ao outro como na realidade é . Se tiveres que dizer, diz no momento. Nunca num "depois" que pode não chegar, por ser tão inserto como a próxima brisa de vento. A ti, cabe-te o dever de viver. Viver até não poder mais, viver cada segundo. Aproveitar cada respirar. A ti, foi-te dada a oportunidade de abrir os olhos ao mundo e bater com a cabeça nas paredes. De ti, espera-se que te levantes todas as vezes que caíres. Espera-se que escolhas o melhor, que ames e perdoes. Que erres e aprendas com os teus erros e com os daqueles que te rodeiam. Que sigas em frente com a força de um furacão sempre que a corrente contrária te leve cada vez mais para baixo. Espera-se que te rodeies de pessoas, que te vão amar e magoar. Pessoas essas que vais querer manter e que vais querer abandonar. Espera-se que consigas distinguir a verdade da mentira e fazer uso de ambas da melhor maneira. Espera-se que não desconfies mas que não acredites demasiado, para depois não teres o prazer de conhecer o desgosto da realidade. De ti espera-se que sejas uma força da natureza que suporta tudo e todos. De ti, espera-se que transpires vida por todos os poros, e vivas de todas as maneiras possíveis e imaginárias. E porquê? Porque a vida é uma série de escolhas, uma combinação de momentos pequenos, que adicionados aos grandes te tornam quem és.

Um dia aprendes que ...


"Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. Acabas por aceitar as derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprendes a construir todas as tuas estradas de hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de algum tempo aprendes que o sol queima se te expuseres a ele por muito tempo. Aprendes que não importa o quanto tu te importas, simplesmente porque algumas pessoas não se importam... E aceitas que apesar da bondade que reside numa pessoa, ela poderá ferir-te de vez em quando e precisas perdoá-la por isso. Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais. Descobres que se leva anos para se construir a confiança e apenas segundos para destruí-la, e que poderás fazer coisas das quais te arrependerás para o resto da vida.

Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que tens na vida, mas quem tens na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprendes que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebes que o teu melhor amigo e tu podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobres que as pessoas com quem tu mais te importas são tiradas da tua vida muito depressa, por isso devemos sempre despedir-nos das pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprendes que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.

Começas a aprender que não te deves comparar com os outros, mas com o melhor que podes ser. Descobres que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que se quer ser, e que o tempo é curto. Aprendes que, ou controlas os teus actos ou eles te controlarão e que ser flexível nem sempre significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, existem sempre os dois lados.

Aprendes que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer enfrentando as consequências. Aprendes que paciência requer muita prática. Descobres que algumas vezes a pessoa que esperas que te empurre, quando cais, é uma das poucas que te ajuda a levantar. Aprendes que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tiveste e o que aprendeste com elas do que com quantos aniversários já comemoraste. Aprendes que há mais dos teus pais em ti do que supunhas.

Aprendes que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são disparates, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobres que só porque alguém não te ama da forma que desejas, não significa que esse alguém não te ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo. Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, poderás ser em algum momento condenado.

Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que tu o consertes. Aprendes que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares que alguém te traga flores. E aprendes que realmente podes suportar mais ... que és realmente forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que tu tens valor diante da vida! As nossas dádivas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar." (W. Shakespeare)


Ps: Um dia aprendes que ainda tens muito para aprender.

04 abril, 2011

In your arms

São tantas as coisas que são ditas, e ainda mais as que ficam por dizer. Nem mais nem menos importantes. Longe, todos os dias parecem semanas, perto todas as horas parecem minutos. É tão bom o pouco tempo que passa nos seus braços. Aquele dia chegou, o dia em que ia de novo ao encontro daquele que ansiava ter perto de si mais uma vez, aquele a quem queria tocar e sentir que estava mesmo ali. Era certo que não imaginava como iria ser, na verdade imaginou muitas coisas, mas foi certamente vezes sem conta muito melhor do que alguma vez lhe tinha passado pela sua cabeça. Simplesmente não queria sair do seu lado por nada deste mundo. No momento em que viu de novo sozinha com o seu pequeno grande príncipe não resistiu mais. Cada toque seu tocava em cada pedacinho de ansiedade até ali acumulado, cada respirar abafava o vento que soprava em seu redor. O seu olhar aquecia-a por dentro, dele tentava arrancar qualquer tipo de palavra que por ali pudesse andar escondida em qualquer recanto daquele que ela esperava. Tinha pouca sorte, porque por mais incrível que ela achasse, as palavras trocadas entre eles iam saindo tão naturalmente como as próprias ondas do mar a rebentar na areia, lá bem ao fundo. Deu-lhe os beijinhos mais doces que naquele momento conseguiu arranjar. Esses, foram aqueles que lhe arrancaram sorrisos, propositados ou não. As pequenas travessuras que fazem um ao outro, entre momentos que partilharam entre si que só eles saberão. Mas nos seus braços, aí sim. Aí, elas estava de facto mais alto que os seus próprios sonhos, poderia tomá-lo como seu. Envolvida neles sentia-se a pessoa mais quente e protegida daquele mundo que a rodeava. No calor deles, ardia a saudade que por muito que se tente abafar com uma conversa ou outra, acaba sempre por sobreviver. Nos braços dele, com o carinho dele, ela é a pessoa mais feliz do mundo. Agora, só pede que ele não lhe tire o que já lhe deu. Pede que ele fique e não desapareça. Pede que lhe dê mais daquele seu amor. Do longe faz-se perto meu doce.

"Então, é assim que começa a felicidade. Aqui é o começo. E, é claro, haverá sempre mais."