20 abril, 2011

You're still here


Sentou-se no chão encostada ao sofá, ao fechar os olhos numa tentativa de não se lembrar dos momentos passados, só consegue continuar a sentir a sua presença, por muito que ele já se encontre a ir na direcção oposta áquela onde ela se encontra neste preciso momento. Por muito que queira ser melhor pessoa a seu lado não consegue, o que os uniu tornou-se mais forte que todas as regras morais que possam existir. Por muito que tentem manter-se dentro dos padrões permitidos por tais regras, é impossível. Ela só consegue cada vez mais concordar com a frase que sempre ouvio dizer em seu redor : "O fruto proibido é o mais apetecido", faz todo o sentido para ela neste momento. Ele tem qualquer coisa que a faz agarrar-se a si e não querer largá-lo mais. Fica presa a ele sem querer, é como uma das forças da natureza, sempre mais forte que eles. Desde que ele virou costas e se foi, já algum tempo passou. Escassos minutos que pareceram horas. De olhos fechados e braços em volta dos joelhos, ela continua a senti-lo a seu lado como se ele ali continuasse a envolve-la em seus braços como nos instantes antes, se encontravam. Ainda o vê a seu lado. O facto de a sua barba a picar é algo que já não a incomoda. Consegue descrever cada traço do seu rosto e expressão do seu olhar, os seus lábios e o sabor do seu beijo. A temperatura do seu corpo é algo quente que a faz derreter perante ele e juntamente com todos os outros factores lhe tira por completo a capacidade de pensar e dar ouvidos à razão. Ela permanece presa nele e no momento em que ele ali se encontrava, continua lado a lado com a vontade de lhe beijar a testa, o nariz, a barriga e o seu pescoço onde é capaz de descrever o cheiro do perfume que ele usava. Ainda sente o beijo dele nela, o seu toque e até o coração dele bater mais forte, como sente sempre que ele a deixa ficar simplesmente abraçada a si encostada ao seu peito. Envolvida naqueles braços sente-se protegida do mundo, por muitas que sejam as coisas que os deviam impedir de ter momentos como os que ainda permanecem em si. Por mais que ela tente fugir, por mais que ela tente deixá-lo ir para nunca mais voltar, por mais que ela tente ter outro alguém, por mais que ela tente remar contra a maré de desejo que tem dele, não consegue. Faltam as forças e a vontade só não chega. As coisas há volta deles mudam e voltar a mudar uma vez mais, mas ela volta sempre para os seus braços. Braços esses que gritam em silêncio por seu nome. São imensas as coisas que se passam na sua cabeça, que correm em direcção ao canto mais fundo do seu ser, o seu coração. Ela mantém-se estática, para conseguir que tais coisas párem também de modo a não lá chegar, porque se chegarem, vai ser sempre mais um grande e profundo golpe de recuperação lenta e dolorosa. Todas as palavras ditas naqueles silêncios profundos trocados entre si começam a ecoar no seu ser, e ela só continua a espera de poder dar-lhe a mão mais uma vez, correr para o abraçar e dar-lhe mais um e sempre possível, último beijo.

6 comentários: