10 dezembro, 2010

In my head...

...Em tempos vi príncipes em contos de fadas, casas de chocolate em cidades imaginárias, arco-íris sem fim à vista em céus azuis em dias de desentendimento entre sol e chuva, chapéus-de-chuva de todas as cores, alegria e vontade de viver, jardins cheios de flores lindas e enormes, ruas cheias de pessoas, brilho nos olhares, principalmente nos indiscretos que são supostamente para não serem vistos por outrem. Vi histórias com princípio, meio e fim...feliz por sinal. Vi filmes passarem para a realidade, capacidade inata para amar, persistência e vontade de lutar....
....Hoje, vejo bandalhos a quem podemos dar o nome de sapos, montes de betão a ocupar estas cidades extremamente reais, os arco-íris , esses ainda se mantém nos mesmos céus azuis mas em diferentes dias de desentendimento entre o mesmo sol e outra chuva...alguma coisa que se mantenha! Vejo espécies de jardins com flores, murchas e minúsculas, ruas cheias de gente em vez de pessoas, será possível habitar serenamente num mundo onde existe cada vez mais gente e menos pessoas? Tenho algumas dúvidas. Quanto aos olhares brilhantes? Vamos esquecer isso, são cada vez mais apagados e os que brilham não é por natureza, não é espontâneo, não é pelo acordar com vontade de viver, pelo bom decorrer da vida, podem brilhar por razões da natureza, mas não daquela a que me queria referir. E os olhares supostamente indiscretos?? Deixaram de o ser, não há nada como ser totalmente descarado hoje em dia, não importa o que está há volta. Quer-se olhar? Olha-se e pronto. Seja, lá qual for a intenção, a ideia a passar ou o que os outros vão pensar. Vejo histórias, com princípio e fim, o meio ficou perdido em tempos antigos, vive-se tudo a correr, que a construção da história fica para depois. Óbvio dá mau resultado, como era de esperar. Nunca vi ninguém construir um castelo de cartas sem fazer primeiro uma base, bastante sólida, que realmente é o que é necessário nos dias que correm, ou existe isso, ou esqueçam lá as lindas histórias de príncipes e princesas em castelos enormes e bichinhos que falam. Quanto muito, um castelo de areia na praia de Carcavelos, com montes de bruxas há volta que tal como as ondas vêm e levam tudo o que levaste imenso tempo a construir. Sim, porque fazer castelos, mesmo que sejam de areia não é fácil.
Se em tempos vi os filmes a passarem para a realidade, agora vê-se a realidade a passar para os filmes, não deixa de ser inédito e uma coisa extremamente empolgante, sempre dá trabalho a mais algumas pessoas, nem que sejam actores amadores que nem sabem fingir que choram! Onde isto já vai.
Capacidade inata para amar? upa upa, quanto muito é adquirida , ao longo do tempo e a muito custo. A persistência e a vontade de lutar pelo que se quer, está cada vez mais substituída pela desistência imediata e a falta de esperança, capacidade de esperar, vontade de chegar ao fim e conseguir. Seja lá como for, é assim que vivemos hoje, amanhã logo se vê o que muda. Enquanto isso ficamos a ver em vez de agir, quando podíamos fazer alguma coisa, não para mudar o mundo, ninguém muda o mundo sozinho, mas se todos fizessem qualquer coisinha, isto ficava melhor.

1 comentário:

  1. as histórias cor-de-rosa existem sim, mas nos nossos sonhos. a realidade nao é tao linear, não é tao magnifica. atingui-se o limite dos sonhos, e agora? agora ficamos com os sapos, porque os príncipes nao existem e nunca existiram. ou estão escondidos algures até nos fartarmos dos sapos. sempre ouvi dizer que quando se beijasse um sapo ele se tornaria príncipe, ja beijei, ja beijaram e nenhum deles se tornou príncipe. e aí percebe-se que as histórias encantadas nao passam de historias encantadas, e por nao existirem príncipes temos que ficar com os sapos. mas o aí o final nao é: ...e viveram felizes para sempre, mas sim: ...e viveram felizes até dar!
    end you story
    metade @

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