27 janeiro, 2011

Escrevi ao meu futuro...

...espero que não seja duro. Nunca pensei muito nisto, mas agora é a única coisa que me saí. Já é difícil saber o que esperar ou escrever de algo tão incerto, quanto mais escrever para uma coisa assim, dizer o que espero dele. Sempre achei  um tanto ou quanto desapropriado chegarem ao pé de mim aos cinco anos e perguntarem-me o que queria ser quando fosse grande, confesso que disse quase sempre o mesmo. Os anos passaram a eu continuava a dizer o mesmo. Achei completamente parvo chegarem ao pé de mim aos catorze anos com uma folha e dizerem-me que tinha de escolher uma escola e um curso por onde seguir. Eu não tinha nada em mente. Achei completamente impensável chegar aos dezassete anos e obrigarem-me a escolher um curso definitivamente e ir para uma faculdade. Escolher eu até consegui escolher, a faculdade ficou pelo caminho (por agora). Como é que eu vou escolher uma coisa para fazer toda a minha vida quando ainda a pouco tempo tempo saí da idade dos porquês? Como é que te pedem para decidires a tua vida justamente na altura em que estás constantemente perto de perder a cabeça, porque és jovem, porque tens de viver tudo, porque é bom pisar a linha e passar muitas vezes para o outro lado. E porque é que tens de fazer tudo? Porque o mundo em que vives a isso te obriga. Porque só falta pagarem-te para cresceres antes de tempo e trabalhares para sustentares o país em que vives. Não percebo porquê passam uma vida inteira a perguntarem-te o que queres ser quando cresceres se ao fim ao cabo, são poucos os que sobem naquilo que desejam realmente e são imensos aqueles que ficam pelo caminho porque as únicas que pessoas que os podiam ajudar lhes viraram as costas. Incrível é, quando essas pessoas, são aquelas que te chatearam sempre para saberem o que querias fazer da tua vida. Vida essa que nem sabias muito bem o que era ainda. Os anos passam e o teu conceito de vida vai ficando cada vez maior, cada vez mais complexo e se te perguntarem o que achas dela, ou dizes que não sabes como descrever ou não respondes. Depois tens o outro lado, que é a coisa mais comum do mundo, perguntam-te se a tua vida te corre bem e tu como és muito modesto ou dizes "mais ou menos" ou "sim" só para parecer bem, no meio de um grande aglomerado de pessoas lá vem alguém que se digna a dizer a verdade "não".  E quem é que se preocupa com isso? Ninguém. A maior parte das pessoas só se preocupa com o dia de amanhã a outra parte só se preocupa com as coisas a longo prazo. Para muitos o futuro só passa por aí. Não, não é assim, então e o segundo seguinte? o minuto que aí vem? a hora que está para vir? Todas estas por mais pequenas que sejam passam por um futuro, seja ele próximo ou longínquo. O futuro é das coisas mais complexas e indefinidas que eu já vi, juntamente com o tempo, com o amor, com muitas e muitas coisas abstractas que não podes ver, mas podes sentir e sabes que existem porque alguém disse que existiam e todos os outros passaram a acreditar. Se há quem diga que só acredita no que vê como é que acreditam nos sentimentos, no tempo, no próprio futuro, no vento...entre outras e outras coisas. As pessoas são estranhas. Entende-las é das coisas mais complicadas que eu já vi. Só sei que estou aqui agora, já estou farta de pensar no que fazer amanhã ou depois e ainda não cheguei a conclusão nenhuma. Tenho medo de não chegar ao que quero, mas também vejo tudo isso muito longe. Vou escrever para o meu futuro, não dizer o que irá acontecer nele mas vou pedir para que não seja mau, que seja mais pacato do que o passado e mais simples do que este presente que ando aqui a viver. Vou pedir não que me dê tudo o que eu quero mas que me diga como lá chegar. Vou pedir que me deixe ser livre o suficiente para alcançar o que hoje não penso alcançar. Vou pedir que me transforme das melhores pessoas do mundo, porque tendo em conta o que se vai passando em meu redor, já devia ter um lugar no céu, no mínimo. Vou pedir que permita que a minha felicidade dure mais que dois dias , que faça algo que me realize assério - mesmo sem hoje, sem neste preciso momento eu saber o que essa coisa possa ser - e que faça de mim uma grande mulher. Vou pedir ao meu futuro que um dia eu possa responder : eu quis ser isto, hoje sou o que quis e sim a minha vida corre-me bem, muito bem. Obrigado.


Ps: Pensando bem, tenho saudades de subir aquele palco.

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